sábado, 26 de novembro de 2011

Em clima tenso, docentes rejeitam volta da greve

Após o resultado assembleia de ontem, alguns professores ficaram indignados (FOTOS EDIMAR SOARES
)Após o resultado assembleia de ontem, alguns professores ficaram indignados (FOTOS EDIMAR SOARES )
Os professores da rede estadual de ensino decidiram continuar as negociações com o governo sem, no entanto, voltar à greve. As aulas deverão ser normalizadas na segunda-feira. A decisão foi tomada em uma tumultuada assembleia geral da categoria realizada na manhã de ontem no Ginásio Paulo Sarasate. Após a proclamação do resultado, houve agressões entre professores e o presidente do o Sindicato dos Professores no Estado do Ceará (Apeoc), Anízio Melo, precisou ser escoltado por um grupo de docentes que defendia o retorno à greve. Do lado de fora do ginásio, houve queima de crachás e bandeiras da Apeoc.



Durante o debate, pouco se falou das propostas do governo ou sobre as reivindicações a serem atendidas. O professor da Escola Estadual Otávio de Farias, Reinaldo Mapurunga, que defendeu o retorno à greve, usou os cinco minutos a que teve direito para convencer os seus colegas a atacarem o sindicato Apeoc e o Governo do Estado. Reinaldo chamou o sindicato de “pelego” e acusou o governo coagir os docentes a não votar pela greve.

Anízio Melo, responsável por defender a continuidade das negociações sem paralisação, foi interrompido e provocado insistentemente durante o seu discurso por um grupo postado em frente ao palanque. Alguns professores, estendendo as mãos com cédulas de dinheiro, chamavam-no de “vendido”, proferiam insultos e arremessavam bolinhas de papel em sua direção. O presidente do sindicato enalteceu a grande presença de professores do Interior na assembleia e disse que não se intimidaria com os protestos.
 
Confusão

Após a divulgação do resultado, o clima ficou ainda mais tenso. As agressões verbais tornaram-se físicas. Revoltados com a derrota, alguns defensores da greve passaram a arremessar também garrafas e copos plásticos contra a mesa diretora. Com pontapés, derrubaram a grade de isolamento, subiram no palanque e partiram em direção ao presidente do sindicado, que estava em um corredor do Paulo Sarasate sob a arquibancada. Para deixar o local, Anízio Melo teve que ser escoltado por seguranças, e por pouco não foi agredido.

O presidente do sindicato Apeoc considerou a reação violenta uma “atitude desesperada” de uma parcela pequena de professores. “A democracia tem que ser respeitada. Tem que respeitar quando a nossa posição é confirmada e respeitar mais ainda quando a não é confirmada”, disse pouco antes de deixar o ginásio. No entanto, ele considerou “natural” a insatisfação dos demais professores que queriam a volta da greve. “A divisão de posições é histórico da categoria”.

Após o fim da assembleia, membros do movimento Crítica Radical convidavam, de um carro de som estacionado em frente ao ginásio, os professores a queimarem seus crachás e bandeiras da Apeoc. Foi formada uma pequena fogueira que interrompeu o tráfego na rua Ildefonso Albano. Rosa da Fonseca, integrante do Crítica Radical, sugeria que aos professores que se desfiliassem do sindicato Apeoc.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA
Segundo o presidente da Apeoc, Anízio Melo, a partir de agora o sindicato dos professores irá fazer o planejamento para a campanha salarial de 2012 e cobrar as pendências no processo de negociação.

Bruno Cabral
brunocabral@opovo.com.br
O POVO

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