segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A dinastia dos Ferreira Gomes no Ceará

Theófilo Silva é articulista colaborador de Rádio do Moreno

Embora a fraude no Enem tenha envergonhado os cearenses, outro fato encheu-os de orgulho: sua Faculdade de Direito (UFC) foi a segunda colocada no quinto exame nacional unificado da OAB, 2011, deixando para trás as prestigiosas USP e UNb.Foi também na educação – uma greve de professores que durou mais de dois meses – que se revelou a desgraça que hoje flagela o Ceará muito mais do que as “Secas” e a fraude do Enem: a família Ferreira Gomes, ou, apenas, Ciro Ferreira Gomes.

Com cinquenta e quatro anos de idade, Ciro já foi deputado, prefeito, governador, ministro da fazenda. Candidato a Presidência da República, foi derrotado duas vezes, entre outras coisas por conta de sua língua solta, e do machismo, que envergonhou o Ceará. Humilhado, Ciro reconheceu sua insignificância nacional, e recolheu-se ao Ceará onde instituiu uma monarquia, a famosa dinastia Ferreira Gomes.

Vaidosos, arrogantes e incompetentes, os irmãos Gomes capricham no destempero, em que desancam a tudo e a todos. Vejamos algumas pérolas: “médico é igual sal: branco, barato e você acha em qualquer lugar”, “Fortaleza é um puteiro a céu aberto”, “o professor que não estiver satisfeito com o salário (R$ 1.200,00) peça pra sair”, “O sujeito se vicia em exame de próstata, e...”. Durante a greve dos professores, a deputada Patrícia Gomes, ex-mulher de Ciro, foi filmada dando língua para os manifestantes.Formado em Direito pela UFC, Ciro não trabalha, nunca trabalhou, sempre foi político – troca de partido como quem troca de roupa – embora tenha se declarado porta-voz do Beach Park e assessor do PSB? Muito embora só ande de jatinho.Sua família tomou conta do Ceará: um irmão é o governador do estado; outro, deputado; um secretário de estado; outro prefeito; a mãe de seus filhos é deputada e ex-senadora; a filha prepara-se ser deputada, e por aí vai. Ciro age como as velhas oligarquias nordestinas: perpetua a pobreza e aumenta do poder da família.

O Ceará foi governado durante a ditadura militar por três coronéis do exército, que se revezavam no governo. Esses coronéis tornaram o Ceará símbolo nacional do atraso. Bons tempos aqueles, onde, hoje, sabe-se que um deles, Virgílio Távora, foi um dos maiores governadores que o Ceará já teve. Pelo menos naquela época havia alternância de governo. Hoje tudo no estado se subordina ao desejo de Ciro, o grande. Os outros poderes não dizem não aos seus desejos nem contrariam suas ordens.No interior do Ceará impera – Fortaleza não vota nos Gomes – pobreza, miséria, analfabetismo, o mesmo que na periferia de Fortaleza, embora turistas pensem que o Estado é uma enorme Avenida Beira Mar. Ciro não diminuiu os índices de atraso que atormentam o estado, nem repetiu os êxitos dos governos de seu padrinho político e amigo, agora desafeto, Tasso Jereissati.É triste ver que Ciro foi uma grande promessa na política cearense, alguém que, quando jovem, parecia trazer algo de novo. Não trouxe nada, sua fome de poder é a única coisa que o move hoje em dia. Vive do simples prazer de ser um coronel, administrando sua vasta propriedade, cujo feudo mais amado é sua cidade natal, Sobral – folclórica pelo orgulho de seus habitantes –, onde é tratado como um deus.

Dos famosos três coronéis, apenas um ainda vive, o multimilionário Adauto Bezerra, cujo governo foi o mais corrupto da história do Ceará. Infelizmente, Ciro está se aproximando daquele que, no passado, ele chamava de forças do atraso. Ciro é vítima do poder absoluto, daquilo que fulano chamava: “todo poder corrompe e o poder político corompe absolutamente”.Só lembrando: os exames da OAB e do Enem não têm nada a ver com ações do governo dos Ferreira Gomes.

Blog da Dilma
Por Theófilo Silva

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