domingo, 13 de novembro de 2011

Líder da prefeita reage e manda artigo em resposta ao Vereador-Coronel Plácido Filho

Há 150 anos a obra prima literária de Lewis Carrol vem suscitando polêmicas e interpretações as mais variadas. Pegando uma carona no texto do nobre colega vereador Plácido Filho, líder da oposição na Câmara Municipal, aproveito para deixar aqui a minha visão de como as personagens e a trama marcantes desse clássico da literatura universal podem bem ser vistos por um ângulo completamente diferente. Advirto que qualquer semelhança com a vida real é mera coincidência.

Tudo começa com a garota Alice sendo transportada para um mundo diferente, onírico, que, na verdade, é bem mais parecido com o nosso do que imaginamos. O nonsense e o absurdo da história não são tão nonsense e absurdo assim. Pois, a garota “loura”, cansada da mesmice do seu mundo real, se vê num ambiente “mágico”. No entanto, ela logo percebe que a sociedade do País das Maravilhas, como a dela, também é dividida em classes, onde a rainha de copas encontra-se encastelada e protegida por um poder autoritário e cruel, que se supunha vitalício.

Os seres mágicos, como o Coelho Branco, a lebre, o Dodô, o Chapeleiro, o Gato de Cheshire, que vão aparecendo ao longo da história, representam nada mais nada menos do que operários e também legítimos representantes de nossa classe média, como profissionais liberais e intelectuais. No ambiente real, estão os servidores da rainha (cartas de espadas); os soldados (cartas de paus); a própria nobreza (cartas de ouros); e os príncipes (cartas de copas). As cartas figurativas representam o rei, a rainha e os valetes. Ou seja, a segmentação está presente em todo o contexto.

Especificamente no caso da lebre e do Chapeleiro maluco, em seu eterno chá, eles parecem querer dizer que as voltas da vida não chegam a lugar nenhum, refletindo a acomodação diante do poder instituído. Tudo ia bem, principalmente para a tirânica família real, até que aparece Alice, a garota “loura”, que, na cena emblemática do tribunal, cresce de maneira desmedida e ininterrupta, se revoltando contra a Rainha, uma metáfora inteligente do povo rebelando-se e depondo a monarquia opressiva.

Como já antecipei, mas não custa reforçar, semelhanças com o contexto sociopolítico de Fortaleza há sete anos atrás são mera coincidência. E, pra mim, a obra de Lewis Carrol não remete a uma possível Síndrome de Estocolmo de Alice, mas a uma verdadeira Síndrome de Abstinência de Poder por parte da família real deposta, representante de uma monarquia protegida por uma guarda tão frágil como um jogo de cartas, que, com uma simples triscada, pode cair para trás.

* Vereador Ronivaldo Maia (PT)

Líder do Governo na Câmara Municipal de Fortaleza.

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